quinta-feira, 14 de junho de 2012

Mini Epopeia no WC


Senti uma dor, uma dor oriunda dos intestinos, pensei para mim “Ai meu Deus, o que é isto que se apodera do meu físico?”, cheguei à conclusão de que se tratava de uma premente e inadiável necessidade fisiológica.

Rapidamente, mas sem muito alarido, percorri o corredor que dá acesso ao WC, fui direto à sanita, e com alguma agilidade, armei o ninho sanitário com sistema anti-salpico, que para quem não sabe, é uma espécie de isolamento anti-bacteriano com papel Higiénico à volta da sanita, onde é colocada uma bola de papel no fundo para evitar o ‘ploc’ seguido de um salpico de água no reto.

Já sentado, e a fazer aquela força no “core”, entra uma pessoa, precisamente no momento “C”, em que libertava todos os meus demónios. Senti-me constrangido, por não ter conseguido impedir aquela violenta manifestação intestinal…

Um eco fez-se sentir por toda a casa de banho, e naquele momento, uma avassaladora vergonha tomou conta de mim.

Já aliviado e com o traseiro limpo, não fui capaz de sair dali, depois de tudo, não tinha coragem para encarar o individuo que tinha posto os seus sentidos à prova, num ato de cobardia, aguardei pacientemente que se fosse dali embora.

Foi ai que experienciei o sentimento de estar encarcerado, senti que estava na solitária a aguardar a minha ordem de soltura por um crime que não cometi…

Ultrapassado este drama, o tipo já não lá estava, enquanto estava a lavar as mãos, entra outro individuo, que ao contrario da minha pessoa foi direto ao cagatório, sem qualquer tipo de vergonha, “meu Deus, que bravura” pensei eu…

Tal como eu, a pessoa fez o barulho característico, e rapidamente um enorme regozijo tomou conta de mim, dei por mim a fazer a maior força para não sorrir.

Esta meus caros, foi a única vez que consegui viver os dois lados da moeda, foi isso, e ter percebido o sentido da vida e essencialmente da expressão: “Quem está de fora não racha lenha”…

Uma autodidata lição de vida.

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